Melhore suas curvas de velame

Melhorar sua curva de velame seria o mesmo que fazer uma “curva limpa” e isso está associado a coordenação de curvas, um tópico que, até recentemente, não era aplicado à aerodinâmica de velames. Em termos mais simples, isso se refere ao grau em que um veículo aéreo está alinhado com o vento relativo durante uma curva. Outra maneira de ver isso é o grau em que uma aeronave está apontada durante uma curva para o vento relativo em relação ao eixo vertical (yaw). Para entender mais sobre os eixos de veículos aéreos de uma rápida olhada aqui.

Eixos utilizados nas curvas de velame

A CURVA LIMPA

Uma “curva limpa”, do ponto de vista aerodinâmico, é aquela que mantém o nariz da aeronave apontado para o vento relativo ao longo da curva. Ao pilotar aviões, isso evita que os passageiros derramem suas bebidas, além de economizar combustível e preservar a velocidade no ar. No paraquedismo, no entanto, esse aspecto da curva foi quase sempre ignorado. À medida que os velames ficam cada vez mais rápidos, é hora de começar a pensar sobre esse aspecto de nossa navegação de velame por várias razões muito importantes.

O primeiro motivo para realizar curvas de velame coordenadas tem a ver com a habilidade do piloto de nivelar seu voo a qualquer momento durante a curva. Vamos enfrentar essa situação, às vezes com o chão próximo de nós. Voar em uma curva aero dinamicamente sólida aumenta a probabilidade de que você consiga converter sua velocidade no ar em sustentação em tempo hábil. Se você está deslizando de lado pelo céu porque está simplesmente puxando apenas um batoque, você não está preparado para interagir com o planeta.

O vento relativo está saltando sobre as saliências das células em seu velame, criando um fluxo turbulento, enquanto a carga da linha de suspensão está sendo deslocada para um lado do seu velame. Quando você tenta escapar de uma curva descoordenada, há uma hesitação antes que o paraquedas comece a mudar de direção e nivelar. Se o chão chegar até você antes que isso aconteça, você pode se ver assistindo Oprah em sua cama de hospital por um tempo (não que eu tenha algo contra Oprah).

A segunda razão para fazer curvas coordenadas com seu velame tem a ver com a estabilidade geral do paraquedas. Em uma curva descoordenada, o nariz de seu velame não está apontado para o vento relativo que se aproxima. Ele está deslizando para o lado. Isso significa que a pressão em sua asa está sendo comprometida, além da ponta da asa do lado de fora da curva que está sendo apresentada ao vento relativo.

Se você entrar em turbulência durante esse tipo de curva “desleixada”, é muito mais provável que experimente um colapso deste lado do velame. Em outras palavras, se você estiver virando à direita, é mais provável que sua asa esquerda se curve para baixo. Curiosamente, quando os batoques são levantados de forma agressiva e sem coordenação, o oposto tende a acontecer. Quando o batoque direito é liberado, a asa direita surge para frente conforme o arrasto é liberado e é apresentada ao vento relativo, abrindo o caminho para um colapso no lado direito do paraquedas. De qualquer forma, isso pode resultar em muita TV durante o dia.

UTILIZANDO O HARNESS

Há um problema fundamental com a maneira como a maioria de nós aprendeu como fazer curvas com nosso velame. Eles disseram: “se você quiser virar à direita, puxe para baixo o batoque da direita”. Simplesmente puxar um batoque aumenta o arrasto do lado direito do paraquedas, recuando a ponta da asa. No início da curva, é puramente energia vertical (yaw). É como o piloto de um avião pisando no pedal do leme. Como uma ação discreta, os batoques de direção são uma ação incompleta. Precisamos de um pouco da energia de rolagem (roll).

O harness é mais do que uma forma de prender o paraquedista ao paraquedas. É também uma forma de manipular o próprio velame. Se a perna direita for esticada enquanto o quadril do lado esquerdo fica encolhido, o paraquedas vai virar para a direita. É verdade que os velames menores responderão mais rápido a esses movimentos do que os maiores, com velames elípticos respondendo mais rapidamente, mas o movimento do harness afetará todos os velames.

Mais importante ainda, quando usado no início de uma curva, a direção do harness converte uma curva de batoque em uma manobra coordenada. Isso é uma verdade, esteja você utilizando um Lotus 190 ou um Samurai 95.

Visão frontal do velame ao usar o harness para fazer curvas

Ao voar um avião, todas as curvas começam com a energia de rotação com os ailerons (girando a manete), seguido por um movimento do leme para coordenar a curva. Os aviões antigos tinham uma corda na carenagem (capô) para mostrar a direção do fluxo do vento, enquanto os mais novos possuem tecnologia de painéis indicadores. Se ao menos tivéssemos essas informações enquanto voamos com nossos velames. Ah, mas nós damos um jeito…

Atrás de sua asa estão todos os dados de coordenação do eixo vertical (yaw) de que você precisa. É chamado de pilotinho e bridle. Se você estiver voando e fazendo curvas com o velame de forma coordenada, a bridle permanecerá paralela às células do velame durante a curva. Se em algum ponto a bridle afrouxar, girar como uma cobra ou cair para o lado, você não fará uma curva limpa. Você não está esculpindo sua asa no céu, você está derrapando fora de controle. O vento relativo não está seguindo os vãos de suas células, e sim o vento está saltando sobre as células, caindo no caos da turbulência.

Demonstração de curvas descoordenadas com velame

Experimente isso em seu próximo salto. Olhe para cima do seu velame enquanto estiver voando em linha reta e simplesmente puxe o batoque para a posição de meio freio. Você verá imediatamente do que estou falando quando seu pilotinho e a bridle se desviar para um lado. Em seguida, incline-se em seu harness, levantando uma perna para obter um movimento direto do eixo de rotação.

A curva pode acontecer ou não, dependendo do velame que estiver usando. Mas isso não é importante. Em seguida, enquanto mantém a inclinação no harness, puxe o batoque para virar na mesma direção da inclinação do harness. Você notará que o pilotinho e a bridle vão ficar esticados para trás, mesmo em uma curva fechada, isso é um sinal de que você está fazendo curvas de velame da melhor forma possível.

Depois de experimentar sua primeira curva de paraquedas realmente coordenada, é hora de desenvolver novos hábitos. Isso leva tempo. Acho que, ao aprender uma nova habilidade como essa, é melhor ter uma maneira simples de lembrar o processo. Neste caso, tente usar a seguinte lista para cada curva que você for fizer:

1) OLHAR – para onde vai fazer a curva.

2) INCLINAR – movimentar a perna no harness para o lado onde vai fazer a curva.

3) CURVA – usar o batoque na mesma direção.

Listar as etapas é uma forma de memorizar o que acabou de aprender, isso foi me ensinado por um grande instrutor de parapente e paraquedista, J.C. Brown.

Em vez de usar o batoque sem pensar, olhe para onde você está prestes a ir, incline-se no harness para estabelecer a rotação e, por fim, puxe o batoque para baixo para ir mais fundo na manobra. Quando você brinca com este tipo de curva, você descobrirá que o velame simplesmente parece melhor, você se sente mais no controle da asa. Você também descobrirá que pode reduzir o uso dos batoques durante a curva para diminuir o tanto que você afunda, ou até mesmo nivelar completamente o velame mais rápido.

CONCLUSÃO

Embora a prática seja necessária para aperfeiçoar a técnica, todos os velames têm a capacidade de fazer a transição de uma curva descendente para uma curva nivelada, e fazer um belo pouso suave. Se você sabe como se sair bem de uma curva baixa, nunca haverá uma razão para colidir com o chão, nunca.

Embora muitos paraquedistas ainda pensem em seu paraquedas simplesmente como um meio de voltar ao chão após um salto, aprender a usar o sistema da maneira que foi feito para ser usado aumentará as chances de você voltar ao chão com segurança. A gravidade atrai tanto aqueles que amam a navegação de velame quanto aqueles que a abominam.

Em vinte anos ensinando navegação de velame, aprendi isso: você só pode se tornar excelente em algo que ama. Quanto mais você entende, mais você explorará. E quanto mais você explorar, mais sentirá o controle. Quanto mais controle você sentir, mais você vai adorar. E é disso que o paraquedismo como um todo se trata, senhoras e senhores.

Brian Germain é designer de velames, piloto de teste, instrutor de pilotagem de velame avançado e autor. O livro de Brian, The Parachute and its Pilot, tornou-se a fonte mundial de informações sobre voos de velame e está disponível em uma loja física ou em forma de e-book.


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