O paraquedismo é seguro? O paraquedismo é um esporte popular no Brasil, no EUA e no mundo inteiro e, em 2021, cerca de 39.412 membros da USPA (federação estadunidense de paraquedismo) fizeram aproximadamente 3.57 milhões de saltos em mais de 210 centros de paraquedismo afiliados à USPA em todo o país (para uma média de 91 saltos por membro). Em 2021, a USPA registrou 10 acidentes fatais – o menor número já registrado – uma taxa de 0,28 fatalidades por 100.000 saltos. Isso é comparável a 2020, onde os participantes fizeram menos saltos – 2.8 milhões – e a USPA registrou 11 mortes, uma taxa de 0,39 por 100.000.
Cada fatalidade é um luto para a comunidade de paraquedismo, que coletivamente toma medidas a cada ano para aprender com essas fatalidades e melhorar o esporte. Posteriormente, melhor tecnologia, melhorias nos equipamentos e avanços nos programas de treinamento de paraquedistas tornaram o paraquedismo mais seguro do que nunca.
A USPA (então chamada de Parachute Club of America) começou a realizar registros de fatalidades anuais em 1961 e, naquele primeiro ano, a PCA registrou 14 fatalidades no paraquedismo. Os números aumentaram significativamente nas duas décadas seguintes, atingindo o pico no final da década de 1970, quando as fatalidades ficaram na faixa de mais de 50 por vários anos. O número anual de mortes permaneceu na média de 30 até as décadas de 1980 e 1990 antes de iniciar um declínio lento e geral após 2000. Em 2018, a contagem anual de fatalidades atingiu um recorde de menos fatalidades, apenas 13, seguido por 15 em 2019. Agora estamos em outro recorde mínimo de 10 fatalidades em 2021, e isso inclui zero fatalidades de alunos/passageiros.
O salto duplo de paraquedismo – onde você está conectado a um instrutor experiente para o seu salto – tem uma taxa de segurança ainda melhor, com uma fatalidade de passageiro (que também é categorizado tecnicamente como aluno) por 500.000 saltos em média nos últimos 10 anos.
QUAIS OS RISCOS ENVOLVIDOS?
Como qualquer esporte ao ar livre, o paraquedismo envolve riscos inerentes, mas a preparação adequada e o bom senso podem minimizar a grande maioria deles. Se você não está familiarizado com o paraquedismo, pode pensar que a falha do equipamento causa a maioria das mortes de paraquedistas. Embora nenhum equipamento possa ser perfeito, os equipamentos de paraquedas modernos incorporam recursos avançados de segurança e passam por testes em condições que excedem em muito as tensões que suportarão em um salto normal, tudo para deixar o paraquedismo mais seguro.
Cada sistema de paraquedas é equipado com um paraquedas principal e reserva, e todos os equipamentos incluem um dispositivo de abertura automática, que é um dispositivo elétrico que liberará o paraquedas reserva se o principal não for acionado. Os paraquedistas treinam e retreinam a cada ano para lidar com pane. Em 2021, um em cada 721 paraquedistas relatou usar seu paraquedas reserva.
A realidade é que a grande maioria dos acidentes de paraquedismo é resultado de um simples erro humano. Muitos dos acidentes ocorrem porque o paraquedista – muitas vezes um paraquedista experiente que está forçando os limites – comete um erro de julgamento ao pousar um paraquedas em perfeito funcionamento.
QUE TAL SE JOGAR DE UMA AERONAVE EM PERFEITAS CONDIÇÕES DE VOO?
As operações de paraquedismo têm uma taxa de acidentes muito menor do que toda a aviação geral e a Federal Aviation Administration (FAA) categoriza a morte de uma pessoa a bordo de um avião – incluindo quaisquer incidentes médicos fatais – como um incidente de aeronave. Estas são distintas das fatalidades de paraquedismo, que são definidas como aquelas que ocorrem no tempo após um paraquedista deixar uma aeronave e até que o pouso seja concluído. O único acidente fatal de aeronave relacionado ao paraquedismo em 2021 ocorreu quando um instrutor de salto duplo sofreu um problema médico fatal durante um voo.
Houve quatro outros acidentes aéreos relacionados ao paraquedismo, nenhum dos quais resultou em qualquer lesão a um piloto ou paraquedista. Pilotos que lançam paraquedistas recebem treinamento completo antes de lançar paraquedistas, e esse treinamento deve incluir sistemas específicos da aeronave, inspeções pré-voo, considerações de peso e balanceamento e gerenciamento adequado de combustível.
Os paraquedistas recebem instruções sobre como responder a emergências de aeronaves durante o treinamento inicial, e a maioria dos centros de paraquedismo reforça esse treinamento em várias épocas do ano, mais frequentemente durante o Safety Day, um evento que foca 100% em ações para um paraquedismo mais seguro.
A USPA fornece recursos para pilotos, incluindo o Manual de Operações de Aeronaves de Paraquedismo, um Programa de Treinamento de Pilotos e um Manual de Operações de Voo na guia Governança.
DADOS E ESTATÍSTICAS
A melhor forma de se diminuir os acidentes e deixar o paraquedismo mais seguro é estudar e analisar os dados, através disso é possível identificar onde é necessário focar para prevenir novas fatalidades.
Nos últimos 20 anos o as maiores causas de fatalidades foram: Curva Baixa Intencional (14,8%), Problemas no Equipamento (13,1%), Pouso Não Relacionado a Curva (11,7%) e Colisão de Velames (11,7%).
O pouso sempre foi o momento mais crítico no salto e os dados confirmam isso, e quando falamos em pouso a Curva Baixa Intencional é a responsável pelo maior numero de fatalidades no paraquedismo com 62 fatalidades no últimos 20 anos. A atenção para o pouso deve ser redobrada e nunca faça curva baixa.
Quando analisamos os números por categoria, os paraquedistas com categoria D são as maiores vítimas, a causa pode ser o excesso de confiança por parte dos paraquedistas mais experientes que muitas vezes acabam por confiar demais em suas suposições e acabam em situações perigosas.
Vale ressaltar que para fins técnicos, passageiros de salto duplo são categorizados como alunos (AI).
FATALIDADES POR TOTAL DE SALTOS
Ano | Fatalidades no EUA | Estimativa Anual de Saltos | Fatalidades por Cada 100 Mil Saltos |
---|---|---|---|
2021 | 10 | 3.57 milhões | 0,28 |
2020 | 11 | 2.8 milhões | 0,39 |
2019 | 15 | 3.3 milhões | 0,45 |
2018 | 13 | 3.3 milhões | 0,39 |
2017 | 24 | 3.2 milhões | 0,75 |
2016 | 21 | 3.2 milhões | 0,66 |
2015 | 21 | 3.5 milhões | 0,60 |
2014 | 24 | 3.2 milhões | 0,75 |
2013 | 24 | 3.2 milhões | 0,75 |
2012 | 19 | 3.1 milhões | 0,61 |
2011 | 25 | 3.1 milhões | 0,81 |
2010 | 21 | 3.0 milhões | 0,70 |
2009 | 16 | 3.0 milhões | 0,53 |
2008 | 30 | 2.6 milhões | 1,15 |
2007 | 18 | 2.5 milhões | 0,72 |
2006 | 21 | 2.5 milhões | 0,84 |
2005 | 27 | 2.6 milhões | 1,04 |
2004 | 21 | 2.6 milhões | 0,81 |
2003 | 25 | 2.6 milhões | 0,96 |
2002 | 33 | 2.6 milhões | 1,27 |
2001 | 35 | 2.6 milhões | 1,35 |
2000 | 32 | 2.7 milhões | 1,19 |
Para índices de comparação, no Brasil o trânsito mata uma pessoa a cada 15 minutos, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, ou seja, uma das atividades mais normais do ser humano que é se locomover de automóvel todos os dias é incontáveis vezes mais perigoso do que saltar de paraquedas.
Apesar dos dados deste artigo serem dos EUA, você pode conferir alguns número sobre o paraquedismo brasileiro clicando aqui.
CENTROS DE PARAQUEDISMO SEGUROS
Centros de paraquedismo, clubes e escolas que se unem em áreas de salto são obrigados a fornecer cursos de primeiro salto desenvolvidos pela USPA, utilizar instrutores atualizados e credenciados pelas confederações e fornecer equipamentos de paraquedismo adequados conforme regras internacionais.
O histórico de segurança do paraquedismo é uma prova de décadas de rigorosos padrões de segurança, políticas e programas de treinamento, bem como melhorias nos equipamentos de paraquedismo ao longo dos anos.
Confira este vídeo do maravilhoso mundo do paraquedismo!
REFERÊNCIAS: