USPA Safety Day – Relatório de Fatalidades 2021

Hoje trazemos para vocês leitores o relatório anual da USPA (United States Parachute Assossiation), neste relatório a USPA faz um levantamento detalhado de todas as fatalidades que ocorreram no ano anterior nos EUA, neste caso 2021.

Vale a pena a leitura, através do relatório é possível entender o que levou ao triste desfecho da situação e principalmente o que podemos aprender com cada fatalidade.

Mesmo o Brasil sendo um dos países onde mais ocorre saltos de paraquedas do mundo, infelizmente não temos nada parecido com este relatório com dados nacionais, o que seria muito útil, afinal de contas os acidentes não devem ser escondidos e sim investigados e divulgados para que possamos aprender e tomar ações para que não aconteçam mais.

E vale lembrar que aqui no site possuímos diversos artigos abordando diversos temas diferentes sobre paraquedismo sempre visando melhorar de geral o seu conhecimento sobre o esporte, veja todos os nossos artigos clicando aqui e sinta-se a vontade para ler, comentar e compartilhar com seus amigos paraquedistas.

Fiquem com o relatório de fatalidades da USPA traduzida pela SkyPoint logo abaixo e boa leitura.

O RELATÓRIO

As informações fornecidas pelo relatório de fatalidades da USPA podem ajudar os paraquedistas a entender onde estão as áreas de perigo e mudar seu comportamento de acordo.

Também ajuda a USPA a identificar tendências, entender onde concentrar seus esforços para educar os paraquedistas sobre possíveis armadilhas e desenvolver mudanças nos procedimentos, regras e recomendações.

Por exemplo, nos primeiros meses de 2019, quatro acidentes fatais envolveram paraquedistas que brigaram com panes por muito tempo. Consequentemente, a USPA começou a promover agressivamente uma campanha de conscientização chamada “Don’t Delay, Cutaway!” (“Não Enrole, Desconecte!”).

Em anos anteriores, a USPA desenvolveu esforços educacionais semelhantes (e muito eficazes) destinados a melhorar o controle do velame e destacar os perigos de curvas baixas sob um velame, e instituiu uma regra exigindo que as DZs possuíssem locais específicos para pousos de alto performance separado dos pousos convencionais.

PROBLEMAS MÉDICOS

3—30% (2002-2021—8,6%)

Quando um paraquedista sofre um problema médico durante um salto – seja mental ou físico – a fatalidade se enquadra nessa categoria. Duas subcategorias compreendem a categoria principal: problemas de saúde mental (geralmente suicídio) ou problemas de saúde física (por exemplo, ataque cardíaco ou derrame). Em 2021, houve um suicídio e duas mortes relacionadas à saúde do coração durante saltos de paraquedas.

Relacionado à Saúde Mental

1—10% (2002-2021—2,63%)

Um paraquedista de 74 anos com aproximadamente 17 anos de experiência e um número não informado de saltos fez um salto em formação de 3-way. Após uma queda livre sem intercorrências e uma descida inicial de paraquedas, ele puxou seu punho desconector a aproximadamente 400 pés. Em algum momento, antes de puxar o desconector, ele havia desconectado seu RSL. Testemunhas no solo o observaram cair atrás de uma fileira de árvores. Os investigadores descobriram que esse paraquedista havia limpado sua mesa de trabalho como se não estivesse retornando. Embora a USPA tenha recebido muito poucas informações sobre essa fatalidade, as informações fornecidas indicaram que o suicídio foi a causa.

Relacionado à Saúde Física

2—20% (2002-2021—5,98%)

Um paraquedista de 76 anos com mais de 45 anos de experiência e mais de 20.000 saltos fez parte de um salto de formação de 7-way de um Cessna Grand Caravan que também carregava vários outros grupos. A queda livre e a descida inicial com o velame ocorreram sem intercorrências.

Durante o circuito de pouso, esse paraquedista estava voando no ponto B e continuou reto invés de ir em direção ao ponto C, o que o fez voar diretamente em direção a outro velame que estava indo na direção oposta na mesma altitude. O paraquedista que voava para o em sentido contrário esperava que o outro paraquedista virasse em direção ao ponto C, mas não o fez.

O segundo paraquedista finalmente virou seu velame para a aproximação final fazendo com que os dois velames passassem muito perto um ao outro. No entanto, a bridle no velame principal prendeu no capacete do segundo paraquedista. O velame girou e desinflou, mas rapidamente voltou a inflar, e o paraquedista pousou sem problemas. O velame do outro paraquedista com 76 anos desinflou e começou a girar lentamente em direção ao chão, e ele pousou com força. Ele foi declarado morto no local.

A autópsia desempenhou um papel fundamental nesta investigação. O legista determinou que esse paraquedista havia morrido de ataque cardíaco, o que explica por que ele não respondeu enquanto voava o seu circuito de pouso. Além disso, ele teve bloqueio grave da artéria coronária e outros problemas de saúde não relacionados.

Quando o pilotinho do outro paraquedista prendeu na tira de queixo de seu capacete, ele rapidamente puxou a cabeça para o lado e quebrou sua coluna no nível de C5-C6, e ele sofreu várias fraturas em todo o corpo devido ao pouso forçado. Exames de sangue também revelaram a presença de THC, indicando o uso de maconha imediatamente antes do salto. Embora o nível de THC provavelmente tenha afetado sua acuidade mental e física durante o salto, não foi possível determinar se teve algum efeito em seus outros problemas médicos.

Um paraquedista de 73 anos com mais de 50 anos de experiência e mais de 16.000 saltos fez parte de um salto de formação de 3-way que transcorreu sem intercorrências durante queda livre, separação e comando. Testemunhas no solo observaram o paraquedista pendurado no harness sob seu velame principal totalmente inflado quando ele sobrevoou a DZ. Ele pousou em um cruzamento de uma estrada sem desfazer os freios.

Os socorristas o alcançaram imediatamente, mas ele não tinha pulso e o declararam morto no local. Uma revisão das imagens da câmera de vídeo dos paraquedistas mostrou que o velame principal abriu normalmente e que o paraquedista inicialmente estendeu a mão para desfazer os freios, mas depois baixou os braços e não teve resposta pelo restante da descida do velame.

A autópsia revelou que este paraquedista tinha uma extensa doença arterial coronariana e que havia sofrido um ataque cardíaco. Ele pode ainda estar vivo, mas inconsciente durante a descida, e sua causa de morte foi listada como traumatismo de força contundente na cabeça e no pescoço, que ocorreu ao pousar desfazer os freios para realizar o flare.

O que isso pode nos ensinar:

O suicídio continua a ser uma causa significativa de morte nos Estados Unidos. De acordo com o Instituto Nacional de Saúde Mental, o suicídio foi responsável por 47.511 mortes em 2019. Isso é mais que o dobro da taxa de morte por homicídio, com 19.141.

É a segunda causa de morte para pessoas com 34 anos ou menos e a décima maior causa de morte para pessoas de todas as idades. A morte por suicídio durante um salto tem sido uma porcentagem pequena, mas relativamente consistente do total anual a cada ano, e pelo menos 14 pessoas morreram por suicídio no paraquedismo desde 1999.

A ajuda está disponível para a prevenção do suicídio por meio de muitos serviços de saúde. Se você conhece alguém que sofre de depressão ou pensamentos suicidas, incentive-o a obter a ajuda de que precisa. Infelizmente, muitas vezes é uma surpresa completa quando alguém comete suicídio, e não há chance de ajudá-lo antes que ele se vá.

A doença cardíaca é responsável por cerca de um quarto de todas as mortes nos Estados Unidos, com aproximadamente 659.000 mortes a cada ano. É encontrado em aproximadamente 12% da população. Quando você considera todas as formas de doenças cardiovasculares, como doença cardíaca coronária, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e pressão alta, essa porcentagem salta para 48% da população.

Portanto, é natural que uma porcentagem de paraquedistas também sofra de alguma forma de doença cardíaca, principalmente paraquedistas mais velhos. O paraquedismo aumenta o estresse do corpo, mesmo para paraquedistas licenciados com muita experiência.

É aconselhável que todos os paraquedistas fiquem de olho em sua saúde, especialmente aqueles com mais de 40 anos ou que tenham histórico familiar de doenças cardiovasculares ou outros problemas de saúde. As mortes no paraquedismo atribuídas a problemas de saúde é uma porcentagem pequena, mas significativa, do total de mortes ao longo dos anos. Geralmente, há pelo menos uma fatalidade no paraquedismo por ano atribuída a um problema médico.

DESCONEXÃO A BAIXA ALTURA

1—10% (2002-2021-5,02%)

Uma fatalidade é colocada nesta categoria se um paraquedista liberar o velame principal e acionar o reserva, mas não houver altitude suficiente para a reserva inflar antes que o paraquedista atinja o solo.

Uma paraquedista de 59 anos com 25 anos de experiência e aproximadamente 1.000 saltos estava fazendo um salto solo de 6.000 pés, com a intenção de pousar em uma fazenda de sua família. O piloto também era um paraquedista, e ele relatou que não viu nada de incomum em seu comando, mas que o lado esquerdo de seu velame pode não estar inflado corretamente.

Ela desconectou o velame principal a uma altitude não informada e acionou a reserva, mas não havia altitude suficiente para o reserva inflar. Ela foi declarada morta no local.

O que isso pode nos ensinar:

Este salto ocorreu em uma fazenda particular e muito pouca informação foi fornecida sobre os detalhes do salto. A paraquedista não havia saltado nos dois anos anteriores, mas havia praticado procedimentos de emergência antes do salto (embora o que essa prática implicasse não tenha sido relatado).

O velame principal foi recuperado de uma árvore e várias linhas do lado esquerdo estavam rompidas, o que provavelmente ocorreu durante a abertura. As linhas de suspensão rompidas indicam que o velame provavelmente abriu com força, o que pode ter atordoado a paraquedista e atrasado sua decisão de desconectar o velame principal e comandar o reserva. É difícil dizer se o longa tempo sem saltar desempenhou um fator na desconexão demorada.

Alegadamente, a paraquedista estava acima do peso e teve dificuldade para sair da porta do Cessna 182. No entanto, não é possível determinar se seu peso foi um fator na abertura forte do velame principal ou no atraso na desconexão. Não foi informado se o container estava equipado com RSL. No entanto, o uso de um RSL pode ajudar a garantir que o velame reserva seja aberto o mais rápido possível após uma desconexão.

PROCEDIMENTO DE EMERGÊNCIA INCORRETO

1—10% (2002-2021—6,22%)

Uma fatalidade se enquadra nesta categoria quando um paraquedista se depara com uma pane que o obriga a realizar o procedimento de emergência, mas não responde corretamente à situação.

Esta paraquedista tinha 57 anos e havia começado a saltar de paraquedas há cerca de 35 anos, acumulando mais de 2.000 saltos. Ela teria retornado ao esporte quase dois anos antes deste incidente, depois de uma longa ausência. Ela completou aproximadamente 40 saltos desde seu retorno ao paraquedismo.

Perto do final de um salto de formação 9-way, ela teve uma pequena colisão com outro paraquedista que resultou na separação da formação. Outros paraquedistas na formação observaram-na fazendo um track a uma altitude maior do que a altitude brifada antes do salto, mas ninguém testemunhou seu comando. Dois paraquedistas experientes no solo observaram ela a aproximadamente 1.000 pés com os velames principal e reserva totalmente abertos e voando em downplane.

Ela aparentemente foi capaz de parar o downplane direcionando os paraquedas em uma configuração side-by-side, o que diminuiu bastante sua razão de queda. No entanto, a aproximadamente 200 pés, os dois velames retornaram para o downplane. Ela não conseguiu recuperar o controle e desceu em alta velocidade até atingir o chão. Os socorristas tentaram primeiros socorros, mas ela morreu no local do forte impacto.

O que isso pode nos ensinar:

Tal como acontece com a maioria das mortes, vários fatores contribuíram para este resultado fatal. Houve também várias oportunidades para a paraquedista alterar o resultado final com uma atitude diferente. Não foi relatado se ela revisou recentemente os procedimentos de emergência.

A revisão e prática frequente dos procedimentos de emergência ajudam os paraquedistas a responder corretamente durante uma pane. É importante que a revisão inclua respostas a um pilot chute in tow, bem como as várias configurações encontradas durante o cenário de dois velames abertos.

A seção 5-1 do Manual de Informações do Paraquedista lista duas respostas diferentes para uma pane de pilot chute in tow: puxe apenas o punho do reserva ou puxe o desconector e depois puxe o punho do reserva. Ambos os procedimentos podem funcionar com sucesso, e ambos os procedimentos exigirão ações diferentes caso o velame principal seja acionado após o comando do reserva.

É fundamental que cada paraquedista entenda completamente cada procedimento, decida com antecedência qual procedimento usar e pratique com frequência. Um exame mais detalhado das considerações do pilot chute in tow pode ser encontrado no artigo “Decisions, Decisions—Responding to a Pilot Chute in Tow” na edição de março de 2021 da revista Parachutist.

CURVA BAIXA NÃO INTENCIONAL

1—10% (2002-2021—8,13%)

Este paraquedista tinha 28 anos e saltava há dois anos. Ele acumulou um total de 72 saltos. Após uma queda livre e uma navegação inicial sem problemas sob um velame de tamanho 167, ele estava a cerca de 150 pés do chão sob sua área de pouso planejada.

Quando começou uma curva de 360 graus para evitar passar por sua área de pouso. Ele atingiu o solo em uma alta razão de queda sem realizar o flare. Ele foi morto pelo pouso forçado. Os investigadores acreditam que ele estava focado em pousar em sua área-alvo. Havia grandes áreas abertas disponíveis para ele voar em uma direção reta para o pouso.

O que isso pode nos ensinar:

Muitos dos novos paraquedistas fazem da precisão no pouso uma prioridade no final de seus saltos, o que pode ser um desafio quando eles também estão tentando descobrir a performance de seus velames no pouso. Novos paraquedistas também tendem a sentir uma pressão auto-induzida para pousar perto do alvo para completar os requisitos de para licenças mais altas.

Quando um paraquedista esta no lugar errado na altitude errada, isso pode causar confusão e pânico. É melhor seguir em direção a uma área livre do que fazer uma curva mais próxima do chão para tentar chegar ao alvo. Pousar longe do alvo que pretendia serve como uma lição no debriefing para melhorar a precisão do pouso no próximo salto, mas nunca arrisque sua vida fazendo curvas baixa para atingir o alvo.

PROBLEMAS NO POUSO – NÃO RELACIONADO A CURVAS

1—10% (2002-2021—11,48%)

Este paraquedista tinha 42 anos, dois anos de experiência e tinha cerca de 500 saltos. Após uma queda livre sem problemas e uma navegação inicial de sob um velame de tamanho 150, ele começou a voar seu circuito de pouso. Enquanto estava em seu ponto B, ele se viu mais alto do que o planejado para sua curva no ponto C.

Ele então estendeu sua reta até o ponto C, eventualmente fazendo uma curva maior que 90 graus para a reta final de pouso para voltar ao alvo planejado. Uma vez que a curva estava completa, ele percebeu que estava no mesmo nível de outros paraquedistas que pousavam na mesma área.

Os investigadores acreditam que ele começou a se concentrar nos outros paraquedas em vez de acompanhar seu próprio pouso. Ele então puxou os dois tirantes dianteiros, provavelmente para ficar abaixo dos outros. Essa manobra aumentou sua velocidade e razão de queda, e ele atingiu o solo ainda em um mergulho íngreme com os tirantes dianteiros puxados para baixo. Ele foi levado para um hospital local e morreu alguns dias depois.

O que isso pode nos ensinar:

Historicamente, os dois lugares mais prováveis ​​que um paraquedista encontrará tráfego de velames são logo após o comando e abaixo de 1.000 pés acima da área de pouso enquanto se prepara para pousar. Uma das melhores maneiras de garantir espaço aéreo livre durante o pouso é ajustar a navegação antes de entrar no circuito de pouso.

Se houver vários grupos no avião, proteger seu espaço aéreo se torna mais complexo durante a descida devido às várias altitudes de comando diferentes. Uma vez que seu velame esteja aberto e voando corretamente, sua tarefa imediata deve ser avaliar a situação do tráfego e adaptar sua descida para que você possa voar seu circuito de pouso em espaço aéreo livre com o menor número possível de velames próximos.

Embora uma curva não tenha sido a causa dessa fatalidade, os paraquedistas devem lembrar que as chances de colidir com outro velame aumentam durante as curvas. Sempre olhe ao redor (para ambos os lados, abaixo e atrás de você) antes de iniciar uma curva para evitar colidir ou se encontrar no mesmo nível dos outros.

Os paraquedistas não devem adaptar sua razão de descida para evitar ficar no mesmo nível de outros paraquedistas no circuito de pouso. No entanto, se for inevitável, é melhor voar no meio freio para diminuir sua razão de descida (mantendo-se atento aos que estão acima e atrás de você) em vez de aumentar sua razão de descida usando o tirante dianteiro.

Se a área de pouso estiver muito congestionada para um pouso seguro, o melhor plano é escolher uma área de pouso alternativa. Às vezes, é melhor pousar em uma área livre que esteja mais distante do tráfego de outros velames.

Se você estiver pousando perto de outros velames e estiver voando na mesma direção, mantenha um caminho paralelo com os outros e fazendo pequenas correções enquanto divide sua atenção entre o tráfego próximo e o local de pouso. Pousar com uma asa nivelada e voar na altitude adequada ainda é a prioridade de pouso, mesmo com outros velames próximos.

CURVA BAIXA INTENCIONAL

3—30% (2002-2021—14,35%)

Um paraquedista de 26 anos com três anos de experiência e 430 saltos estava realizando o curso para se tornar um IAFF. Ele estava saltando de um paraquedas elíptico de 135 pés quadrados com uma carga de alar de 1,37. A queda livre e a navegação inicial ocorreram sem problemas.

A aproximadamente 400 pés, ele puxou os dois tirantes dianteiros para aumentar sua razão de descida e velocidade, depois soltou seu tirante esquerdo para iniciar uma curva de 90 graus para a direita em direção ao local de pouso. Testemunhas no solo o observaram em uma descida íngreme com os dois braços para cima enquanto ele se aproximava rapidamente do solo em um ângulo de 45 graus.

Ele então puxou os batoques para começar a fazer o flare, mas atingiu o solo em um ângulo de 45 graus a cerca de 80 quilômetros por hora. Ele recebeu os primeiros socorros imediatos e foi levado para um hospital local, onde morreu algumas horas depois dos ferimentos sofridos no pouso forçado.

Apesar da alta carga de asa para seu baixo nível de experiência, os investigadores relataram que esse paraquedista era um piloto de velame conservador que normalmente realizava curvas de 90 graus para sua aproximação final. Ele havia participado de um curso de pouso de alta performance no fim de semana anterior.

Um paraquedista de 35 anos com sete anos de experiência e cerca de 1.000 saltos fez um salto solo com um velame principal de 87 pés quadrados que pegou emprestado. Após uma queda livre sem intercorrências e uma descida inicial sob o paraquedas, ele iniciou uma curva para tentar um pouso de alta performance.

Seu corpo atingiu o chão ao mesmo tempo que o nariz do velame enquanto ainda estava em uma descida íngreme. Ele foi levado de helicóptero para um hospital local, mas veio a falecer no caminho. Muita pouca informação foi fornecida para esta fatalidade.

Foi seu primeiro salto neste velame, e ele supostamente não disse a ninguém na DZ que estava saltando. Ele também aparentemente deturpou seu nível de experiência para pegar o velame emprestado. O fabricante e a carga alar não foi informado.

Um paraquedista de 31 anos com cinco anos de experiência e mais de 600 saltos saiu a 6.000 pés e comandou seu velame principal imediatamente. Ele estava saltando com um velame de 135 pés quadrados a uma carga alar de 1,8, o que, devido ao seu nível de experiência, indica que ele havia feito um downsize rapidamente.

Após uma navegação inicial sem intercorrências, uma testemunha no solo relatou que ele iniciou uma curva “muito baixa” para a aproximação final que o colocou voando na direção do vento. Suas mãos estavam totalmente voltadas para os tirantes traseiros, e ele não fez nenhuma tentativa de voar com os batoques antes de atingir o chão em uma descida íngreme quase ao mesmo tempo que o velame.

Ele recebeu primeiros socorros imediatos, mas morreu logo depois de chegar ao hospital. Sua autópsia revelou que seu nível de álcool no sangue era de 220 mg/dL, ou quase três vezes o limite para dirigir legalmente um veículo motorizado na maioria dos estados americanos.

O que isso pode nos ensinar:

Muitas fatalidades na subcategoria de baixa curva intencional nos últimos 20 anos foram muito semelhantes e envolveram:

  • Um paraquedista homem com 1.000 saltos ou menos
  • Downsize rápido para um velame muito pequeno e avançado para o nível de habilidade do paraquedista.
  • Iniciar uma curva baixa para tentar um pouso de alta performance com pouca experiência ou treinamento.
  • Estranhamente, os relatórios que descrevem essas fatalidades muitas vezes incluíam comentários de que o paraquedista era considerado um piloto de velame conservador.

Apesar dos riscos adicionais de realizar pousos de alta performance sob velames pequenos e com alta carga alar, muitos paraquedistas ainda querem tentar. Os riscos podem ser reduzidos com treinadores experientes e evoluindo lentamente para saltar de velames menores.Mesmo assim, os riscos de ferimentos graves ou morte por uma curva mal calculada perto do solo são substanciais.

Outra questão que leva a esse tipo de fatalidade é a ampla aceitação de paraquedistas que se fazem downsize para velames menores rapidamente.

Consultores de segurança e treinamento, examinadores, instrutores e RTAs devem trabalhar juntos para criar uma cultura de segurança positiva que incentive os paraquedistas a passar mais tempo dominando seus velames atuais antes de passar para velames menores e mais avançados.

Pilotar um velame para um pouso bem-sucedido de alta performance requer muita prática e habilidade e uma coordenação olho-a-mão quase perfeita. Ao iniciar uma curva para aumentar a velocidade para o pouso, um paraquedista deve tomar decisões em frações de segundo para gerenciar a energia do arco de recuperação e nivelar o velame no solo na altitude correta.

Os profissionais fazem parecer fácil, mas é preciso muito tempo e prática e uma progressão lenta para aprender o ofício.

Além disso, um dos paraquedistas estava sob efeito de álcool, o que afeta muito a acuidade mental e a coordenação física. Pelo menos dois paraquedistas pensaram que sentiram cheiro de álcool nele antes do salto. Se você suspeitar que um paraquedista está sob a influência de álcool ou drogas, retirá-lo do manifesto e esclarecer as coisas no chão é a coisa certa a fazer.

FATALIDADES RELACIONADAS A POUSO

A consciência situacional é um requisito crítico que cada paraquedista deve manter durante cada salto, desde a preparação antes do salto até a caminhada de volta a escola após o salto.

Durante a descida com o velame, os paraquedistas sempre precisam estar cientes de onde estão, onde estarão nos próximos 10 segundos e onde estão localizados os outros velames. Depois de iniciar o circuito de pouso, os paraquedistas devem continuar a vigiar o espaço aéreo em todas as direções.

Concentrar-se apenas no local de pouso pode levar a colisões de velame e navegar inadvertidamente em direção a obstáculos.

Curvas baixas perto do chão são muitas vezes fatais, especialmente quando um paraquedista faz uma curva brusca não planejada em pânico para tentar pousar na direção certo ou evitar outro paraquedista ou obstáculo.

Quando um paraquedista faz uma curva baixa perto do solo, a velocidade vertical do velame aumenta rapidamente e o velame atingirá o solo em uma alta razão de descida antes que o paraquedista possa nivelar e fazer o flare de pouso.

É muito mais seguro pousar com a asa nivelada. Paraquedistas voando a favor do vento ou com vento de través podem reduzir a maior parte de sua velocidade horizontal fazendo o flare e, em seguida, deslizar durante o pouso ou se precisar realizando o rolamento.

LIÇÕES APRENDIDAS

Lições aprendidas em 2020 para melhorar nossa cultura de segurança para 2021

Relatar incidentes ajuda significativamente!

  • Aumenta a velocidade de detecção de tendências.

Plano B de baixa altitude!

  • Conheça seus parâmetros de pouso e tenha um plano para quando você não os estiver cumprindo. Ensaie fisicamente e mentalmente esses procedimentos!

Pratique e frequentemente o PE em baixa altitude!

  • A prática do PE ajudará os paraquedistas a realizar seus procedimentos corretamente durante emergências em baixa altitude.

Frequência não é apenas o número de saltos

  • Quando você não consegue se manter atualizado, você deve gradualmente aumentar seu desempenho anterior.

GRÁFICOS E INFORMAÇÕES

Fatalidade por categoria

Seis das mortes de 2021 envolveram paraquedistas com categoria D. É comum a cada ano que os paraquedistas com categoria D sejam responsáveis pela maioria dos acidentes fatais. A categoria D em 2021 representa 32% de nossa associação, e também representa 60% de nossas fatalidades.

Pela primeira vez, tivemos zero mortes de alunos.

Comparando os totais de 2021 com as médias dos últimos 10 anos: as fatalidades com categoria D caíram principalmente devido ao aumento da educação com navegação de velame, que reduziu o número de fatalidades devido a problemas relacionados ao velame, mas devemos continuar a promover a educação do velame em toda a carreira do paraquedista.

A complacência pode se infiltrar na mentalidade de paraquedistas experientes e, como todos nós já devemos saber, a complacência mata. Isso pode explicar por que a categoria D em 2021 representam 32% de nossa associação, mas representam 60% de nossas fatalidades.

Total de fatalidades por ano desde 1961, o primeiro ano em que a USPA registrou o total de fatalidades. O maior número de acidentes fatais por ano ocorreu no final da década de 1970, quando ocorreram muitas mudanças nos equipamentos.No geral, desde o final dos anos 90, a taxa de mortalidade vem caindo, mesmo com o aumento do número total de saltos.

É mais fácil ver a tendência se calcularmos a média dos números de fatalidades em décadas.

Por década, os últimos 10 anos têm o menor número médio de fatalidades. Os números de saltos aumentaram, mas o número médio de mortes caiu.

O número médio de fatalidades em branco por década e até o lado direito é o índice de fatalidade por década.

Por 5 décadas conseguimos reduzir o número total de fatalidades, mas quando comparado ao número crescente de saltos a cada década temos uma visão clara do quanto nossos esforços estão valendo a pena. Quase 6 mortes por 100.000 saltos nos anos 60 para menos de 1 por 100.000 saltos nos anos 2010.

Evolução das fatalidades

O índice tem caído constantemente por 6 décadas. De 1 fatalidade a cada 9.000 saltos nos anos 60 para 1 fatalidade a cada 357.000 saltos em 2021. Por um lado, é uma conquista fenomenal ver 2021 terminar com um novo número recorde de menos mortes no paraquedismo.

A nova baixa é o resultado de um forte esforço coletivo de toda a indústria do paraquedismo para tornar o esporte o mais seguro possível. Por outro lado, é frustrante ver se repetir os mesmos erros trágicos que resultam em mortes desnecessárias a cada ano.

Quase todas as fatalidades agora decorrem de erro humano, a maioria dos quais poderia ser evitada com o básico, como permanecer ciente da altitude e manter a consciência situacional durante toda a queda livre e navegação sob o velame.

Independentemente do nosso nível de experiência, o paraquedismo pode ser um esporte implacável e devemos sempre estar cientes de nosso ambiente e nossas habilidades, e tomar todas as medidas necessárias para nos mantermos seguros em cada salto. Esperamos que os paraquedistas continuem a aprender com os erros do passado e evitem os mesmos erros comuns que se repetem a cada ano.

CONCLUSÃO

Agora, com sua nova lista de itens para serem melhorados visando aumentar a conscientização sobre riscos, áreas de preocupação, vamos ver se podemos fazer melhor em 2022 do que em 2021.

Índice de fatalidades 2021

A índice de fatalidades nos EUA vem caindo a cada ano, em 2021, o índice de fatalidades caiu para 1 fatalidade a cada 357.000 saltos.

Aqui no Brasil nós da SkyPoint fizemos um levantamento não oficial que você pode acompanhar e colaborar através da nossa página de Estatísticas e Fatalidades.


REFERÊNCIAS:

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