Sobrevivendo a um pouso sem vento

Pouso sem vento é uma das condiçÔes mais temidas de todas pelos paraquedistas, apesar de aparentemente parecer mais fåcil, na verdade é o contrårio.

Esse receio é tão real que muitos paraquedistas de fato evitam saltar em condiçÔes sem vento. Embora pousar com o benefício do vento de nariz seja indiscutivelmente mais fåcil, existem métodos específicos que melhoram notavelmente as chances de melhorar seu pouso em dias vento.

Então, aqui estão algumas dicas que o ajudarão a pousar com mais suavidade e segurança quando a biruta estiver apontando vento zero.

1) ALTURA CORRETA

Certifique-se de nivelar o velame a uma altura correta para tocar o solo. Ou seja, se vocĂȘ terminar o voo com algum espaço entre vocĂȘ e o solo, terĂĄ mais do que apenas velocidade de avanço do velame para lidar no final do pouso. Todos os paraquedas estolam acima de zero da velocidade do ar, isto significa que, assim que a capacidade extremamente lenta de voo do seu velame for atingida, ele te jogarĂĄ no chĂŁo tanto com movimento para frente quanto para baixo.

A melhor maneira de lidar com isso Ă© ter certeza de que vocĂȘ jĂĄ alcançou a altura de ideal para tocar o chĂŁo quando o estol acontecer. Dessa forma, a Ășnica energia cinĂ©tica restante Ă© o movimento para a frente, que pode ser diminuĂ­do dando alguns passos controlados, como uma leve corrida.

Altura certa Ă© essencial no pouso sem vento

2) FREIOS ADEQUADOS

Antes de tudo, tenha a certeza de que seus freios estĂŁo curtos o suficiente. A maioria das fabricantes confeccionam as linhas de freio de forma a permitir uma certa folga, de modo que quando os tirantes dianteiros sĂŁo usados com os batoques nas mĂŁos, nĂŁo hĂĄ entrada de vento pela cauda do velame.

Isso, juntamente com tirantes mais curtos (a maioria dos paraquedas sĂŁo fabricados com tirantes de 21 polegadas, 53 centĂ­metros), impedirĂĄ que vocĂȘ alcance a velocidade de voo mais lenta do seu velame. Com a ajuda de seu rigger, encurtar as linhas de freio Ă© uma tarefa fĂĄcil. Retire nĂŁo mais do que 2,5 cm de por vez e faça alguns saltos antes de tirar mais.

Batoques no tamanho ideal

3) VELAME SEMPRE ACIMA

Mantenha o velame acima de sua cabeça. Qualquer inclinação no eixo de rolagem resultarĂĄ em um estol prematuro do velame, fazendo vocĂȘ cair no chĂŁo enquanto ainda tem a velocidade de solo. Isso se deve a um efeito conhecido como “fator de carga”. Quando uma asa estĂĄ inclinada, Ă© necessĂĄrio aumentar um pouco o Ăąngulo de ataque para mantĂȘ-la voando na mesma altura ou razĂŁo de descida.

Contudo, isso resulta em um aumento do peso relativo, que por sua vez aumenta a velocidade de estol. Mantenha seus olhos olhando para o horizonte e vocĂȘ poderĂĄ notar a variação no Ăąngulo da sua inclinação mais facilmente. Fazer correçÔes suaves no Ăąngulo da inclinação atĂ© o final do pouso resultarĂĄ em um toque no solo mais suave e menos velocidade de avanço no final do voo.

Mantenha o velame sobre sua cabeça no pouso

4) TERMINE O FLARE

Sempre termine o flare no pouso, principalmente quando nĂŁo tiver vento. Continue puxando os freios suavemente atĂ© toda a extensĂŁo dos braços ou a velocidade do solo diminuir, o que ocorrer primeiro. Em outras palavras, se vocĂȘ estiver voando em direção a um vento nariz significativo, o flare completo o farĂĄ voltar para trĂĄs, pois a velocidade do seu velame serĂĄ menor que a velocidade do vento.

Fazer o flare em linha reta para baixo Ă© a Ășnica maneira de realizar um flare completo, jĂĄ que o movimento dos braços para os lados ou para trĂĄs resultarĂĄ em um flare ineficaz, mesmo que isso seja estiloso. As linhas de freio sĂł podem funcionar se forem puxadas.

Sempre termine em um pouso sem vento

5) NÃO PARE

Supondo que um rolamento no pouso nĂŁo seja necessĂĄrio, coloque uma perna para frente, como se fosse o seu “trem de pouso principal”, e a outra perna para trĂĄs, sendo o seu “trem de pouso secundĂĄrio”. Dessa forma, vocĂȘ nĂŁo vai encostar os dois pĂ©s ao mesmo tempo no chĂŁo e girar para trĂĄs para tentar controlar o velame que estĂĄ te puxando.

Deslize com seu velame prĂłximo ao chĂŁo o mĂĄximo que puder (como se fosse um swoop) e, quando a fricção finalmente agarrar seu pĂ©, dĂȘ alguns passos com a perna que estiver na frente e continue andando por alguns metros, o suficiente para seu velame perder força e nĂŁo te puxar para trĂĄs.

Se prepare para dar uma corrida

6) TIRANTE DE PEITO

Afrouxe a tirante de peito e incline-se para a frente no harness. Isso permitirĂĄ que vocĂȘ coloque seu peso sobre o “trem de pouso principal”, em vez de colocar o peso sobre os calcanhares. O velame vai aumentar a inclinação do eixo lateral conforme vocĂȘ avança para o pouso, mas seu corpo nĂŁo precisa acompanhar essa inclinação.

Libertar seu corpo da inclinação do eixo lateral, permitirĂĄ que vocĂȘ se sinta mais confortĂĄvel ao finalizar o flare, pois nĂŁo sentirĂĄ necessidade de diminuir o flare ao colocar os pĂ©s no chĂŁo para obter um Ăąngulo de inclinação mais equilibrado.

Ajuste o tirante para te ajudar no pouso

7) POUSO DA GAIVOTA

Deixe o velame afundar abaixo da altura ideal para tocar ao chĂŁo durante a segunda metade do swoop e, em seguida, use a subida do velame para trazĂȘ-lo de volta Ă  altura ideal. Conhecido como “Pouso da Gaivota”, isto permite que vocĂȘ anule qualquer excesso na velocidade de avanço, pois vocĂȘ estarĂĄ em uma subida na Ășltima etapa do pouso.

Cuidado para não subir muito e ultrapassar a altura ideal para tocar o chão, pois isso resultarå em uma queda no final que pode acabar te pegando de surpresa. Veja no vídeo abaixo um dos competidores usando estå técnica durante um campeonato de Swoop.

8) CONHEÇA O PRÉ-ESTOL

Pratique voo lento quando estiver alto. Quanto mais confortĂĄvel vocĂȘ estiver com o desempenho do prĂ©-estol antes do seu velame realmente estolar, mais tempo vocĂȘ estarĂĄ disposto a manter seu flare na final do pouso. No entanto, o prĂ©-estol pode ser identificado, pratique e veja atĂ© onde vocĂȘ pode puxar os batoque antes dele estolar, quando sentir que estĂĄ prestes a estolar este serĂĄ o ponto de prĂ©-estol do seu velame.

O medo do estol resulta em flare incompleto, bem como na liberação dos batoques no final do pouso. Treine, mantenha o velame travado por pelo menos 30 segundos (acima de 2500 pés) e faça curvas suaves à direita e à esquerda. Isto vai te ajudar a voar para fora de qualquer ùngulo de inclinação criado por um nível assimétrico durante o flare.

9) PONTO C ADEQUADO

Faça um padrão de pouso adequado. Lembre-se, quando o vento estå zerado o seu velame irå demorar mais para afundar, portanto ao entrar na final do pouso (ponto C), tenha certeza que irå ter muita årea disponível para voar até começar a se aproximar do solo.

Fazer o ponto C com pouca ĂĄrea disponĂ­vel nessa situação, poderĂĄ fazer com que vocĂȘ passe da ĂĄrea limite para pouso e como vai estar baixo nĂŁo terĂĄ tempo de reverter a situação.

O pouso sem vento exige um ponto C longo

10) O POUSO PERFEITO EXISTE

Acredite que Ă© possĂ­vel pousar perfeitamente. Possivelmente nas primeiras tentativas de um pouso sem vento a sua performance nĂŁo serĂĄ a melhor, dando a imprenssĂŁo de que talvez seja impossĂ­vel pousar bem quando nĂŁo tem vento, mas sim, Ă© possĂ­vel. Isto Ă©. Somente quando um piloto pensa: “Vou bater”, aĂ­ o acidente Ă© inevitĂĄvel. Esteja focado na hora do pouso e confie no seu potencial.

BÔNUS) GRAVE VÍDEOS

Não existe ferramenta melhor do que ver a si mesmo pousando. A melhor maneira de ter seu pouso filmado, acredite, é filmar outras pessoas. Peça para que amigos, intrutores ou alguém na årea grave o seu pouso, assim vai ser possível identificar onde precisa melhorar. No caso do pouso a melhor filmagem é a externa, ou seja, a camera no capacete não ajuda muito.

Grave e veja seu pousos

CONCLUSÃO

Um pouso sem vento pode ser muito divertido. Em Ășltima anĂĄlise, Ă© assim que combatemos o medo de pousar nossos velames. Se vocĂȘ começar a praticar com frequĂȘncia a experiĂȘncia irĂĄ aumentar naturalmente, sua linguagem corporal positiva vai resultar em açÔes mais fluidas e apropriadas que realmente melhoram sua situação.

Quando vocĂȘ se sente confortĂĄvel em pousar sem vento, começa a realmente esperar aquelas decolagens no pĂŽr do sol com vento zero. Deslizar pelo solo com velocidade mĂĄxima pode ser incrivelmente agradĂĄvel quando vocĂȘ sabe que tem as habilidades para lidar com a situação.

No final, a Ășnica maneira de conseguir isso Ă© saltar regularmente, e aproveitar o processo de aprendizagem. Descubra algo sobre cada pouso que o faça sorrir, atĂ© mesmo seus pousos ruins ou eventuais acidentes. Tudo o que nĂŁo Ă© caminho acaba nos mostra onde o verdadeiro caminho estĂĄ.

As técnicas demonstradas aqui são apenas informativas, NUNCA tente praticar uma técnica nova sem antes consultar um instrutor experiente. Invista em um curso de pilotagem de velames, isso vai fazer toda diferença na sua caminhada no paraquedismo.

Blue skies e bons pousos!


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[…] conselho que Brian Germain fornece em seu artigo intitulado “Sobrevivendo a um pousos sem vento” pode ajudĂĄ-lo a conseguir pousos consistentes e confortĂĄveis ​​em dias em que os […]

SOBRE O AUTOR

Diego Rodrigues

Fundador e administrador da SkyPoint Paraquedismo

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